terça-feira, 27 de setembro de 2011

O redemoinho provoca estragos
porque gira vertical sobre si mesmo,
suga a energia do ar,
tirando-a do entorno.
A brisa passeia horizontal entre os seres,
reparte a energia de forma igual,
há mobilidade,
há suavidade,
há equilíbrio,
há beleza,
a flor não é arrancada, continua flor,
o inseto mantém as asas, continua inseto.
A fera é livre na selva,
mas o limite é a selva.
O pássaro é livre na atmosfera,
mas o limite é a atmosfera.
O peixe é livre no oceano,
mas o limite é o oceano.
Eu sou livre no chão,
mas o meu limite não é o chão.
Eu sonho,
crio metáforas,
escapo do imediato,
transcendo...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Na imensidão do universo,
sei que sou ponto material.
Ponto material?
Não só.
Ponto material é pó estrelar ou grão de areia,
fruta ou livro,
montanha ou abismo.
Os pontos materiais se propagam pelos cenários,
causam alegrias ou apenas esperanças,
reticências ou tão só pontos finais.
Mas eu me vejo mais que material!
Nem ponto nem reticências,
nem só tessitura nem só teia!
Sou uma realidade espiritual fazendo a experiência material.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

HÁ FRIO NA PRIMAVERA

É primavera,
mas o frio não cessa,
vem e vai em ondas contínuas,
calafrios de medo, ansiedade, angústia.

Faz frio,
e eu não sei me aquecer,
envolvo-me em afetos ilusórios,
aconchegos traiçoeiros, descartáveis.

O fogo do âmago terrestre,
límpido, intenso, enérgico,
emerge suave para a crosta
e possibilita flores e frutas.

Mas há uma energia em mim,
obscura, pálida, simplória, vã,
emerge débil, estéril, incolor,
razão de paisagens desérticas.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Semi-vivos


Naquele cenário onde habitava a bruxa, as pessoas semi-viviam sob o peso de sentimentos tóxicos. Ódio e inveja são inclinações vis, mesmo contra bruxas. Não convém perder tempo em odiar o diabo; é mais feliz quem dignifica o tempo amando o Criador e suas criaturas. Bom é investir energia aos que se abrem ao amor, deixar na indiferença os que buscam se alimentar das fraquezas humanas. A bruxa bem sabia que o ser humano, contraditório, é habitado de luzes, que movem, e de sombras, que paralisam. E ela dominava a arte de escancarar o portal das sombras. Fácil, muito fácil, liberar do coração o que é vil. Prazeres estranhos. Estava consciente a bruxa de que não havia nada que ela pudesse semear nos corações. Cabia-lhe somente o poder de revelar as maldades já instaladas dentro de cada um. Ela era apenas espelho. Este era o lado salutar da bruxa: dar à luz o que havia de tenebroso em cada coração. Porém, as pessoas não sabiam olhar para dentro, consideravam o ódio e a inveja culpa da bruxa. Fatal dispersar o olhar, quando o segredo é canalizar o olhar para si. O auto-conhecimento dói, mas purifica os que se inclinam para a sabedoria. Permanece nas sombras quem rejeita o espelho. Contudo, pode reviver quem se volta para a luz, mesmo que seja assustador deparar-se consigo mesmo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A última missa do padre


O padre sorriu ao vê-la entrar. A missa já havia começado, mas ele não se importou. Conhecia a lentidão da mula e sabia que a bruxa vinha de longe, trazendo a carroça abarrotada de legumes, verduras e cereais para o seminário. Cota mensal. Pobre eqüino! Ofegava puxar a carroça por aquelas estradas íngremes, entre morros e grotas, além de enfrentar os cães, quando passava pelas casas. O povo era convocado a colaborar com o sustento dos seminaristas, e ela queria ser a mais generosa, fazendo o padre abrir-se inteiramente em risos e elogios. Pura necessidade de despertar invejas. No transcorrer da cerimônia, o padre, já idoso, foi exibindo sinais de cansaço, voz débil, olhar distante, gestos lentos... A bênção final, rumou para a sacristia, passos demorados. Dez passos... nove... oito... sete... seis... cinco... quatro... três... dois...um! O último. Morte súbita.
O último ganido de um cão


A bruxa esperava que o cão investisse furioso contra a carroça e acelerasse os passos da mula. Sempre fazia isso, e ela aprovava. Mas, naquela madrugada, ele não se moveu. A carroça passou devagar e a bruxa esbravejava contra a lerdeza da mula. Sem coordenação motora, paralisado, o cão permaneceu estendido, em estado adiantado de loucura. Tinha passado o dia anterior fora de casa e, após longa caminhada, deu jeito de se arrastar até o terreiro. O urubu, julgando-o morto, precipitou-se animado sobre ele, certo de saciar a fome e recuperar as forças. Dez metros, cinco, quatro, três, dois, um... a firme bicada fez o cão emitir tão estridente latido que a ave voltou assustada ao espaço. O último ganido.

ESTAÇÕES

As estações apresentam seus encantos e desencantos.
Há fragilidade e contradição nas estações.
Não há pureza: em cada estação existe sempre um pouco das demais.
Com as estações e suas peculiaridades, a natureza me ensina que nada é mais belo e simples e certo que as transformações.
Sou natureza, faço parte das estações, tenho minhas próprias estações.
Condição natural e humana.
É tempo agora de viver a primavera.
Mas as demais estações estão presentes para me recordar que na existência e na vida há complexidade e que tudo faz parte de uma teia.
Em qualquer estação é sempre tempo de celebrar.
Celebrar: parte essencial da existência.
Celebrar: fina espiritualidade.

Haicai Pipoca

Magia dourada.
Aos olhos maravilhados,
exibe-se a pérola saltitante.



SABOR E SABER

Faz-se alegria o grão dourado
em mãos simples do pipoqueiro.

Faz-se magia a palavra dourada
em mãos simples do poeta.

Faz o pipoqueiro do grão pipoca
para imprimir sabor ao milho.

Faz o poeta da palavra poema
para imprimir saber ao texto.

Há no pipoqueiro e no poeta feitiço
que transforma grãos e palavras.

Grãos que explodem em pipocas,
para alimentar o corpo.

Palavras que despertam em poemas,
para alimentar o espírito.

Grão e palavra: metáforas férteis
que a arte lhes concede vida.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O único olhar de um verme


Na madrugada fria e abaçanada, à beira do rio, fez-se um pequeno furo, no meio do capim que crescia macio na areia. Um verme branco mostrou os olhos, pela primeira vez. O frio quase o fez recuar.
Apesar da temperatura, deixou o buraco; entretanto, escondido pela vegetação espessa, que parecia uma floresta, sentiu-se inseguro de se afastar do abrigo. Porém, distraiu-se... e quando percebeu, não sabia mais de onde saíra.
Arrastou-se para lá e para cá, demorou-se, veio sobre ele a luz do sol, suave, que penetrava entre as folhas do capim. Entre o verde e o nevoeiro, o verme pouco enxergava, além do brilho solar.
O urubu, em seus últimos segundos, antes de se precipitar às águas, de repente, viu à frente o pequeno verme branco. Por ímpeto natural, no uso das últimas energias, de asas estendidas, bico entreaberto, apanhou-o, mas era tarde. Alguns metros à frente, insensíveis, moviam-se as águas. Cinco metros, quatro, três, dois, um... com o baque, o verme soltou-se, contorceu-se de frio, imergiu. E lá se foi ele para o fundo, devorado ainda semi-vivo pelos peixes.

sábado, 17 de setembro de 2011

A última viagem de uma besta


Um eqüino dormia nos confins do pasto, de madrugada, entre o gado. Uma mulher levantou-se da cama, vestiu-se e foi buscá-lo. Atrelou-o à carroça e meteu-se na estrada.
O caminho de barro, estreito e sinuoso, repleto de buracos, dificultava a marcha. Alguns quilômetros depois, no perímetro urbano, havia paralelepípedos, e as rodas de ferro tornavam a viagem um tormento. O banco de madeira, sem encosto, sacudia a passageira.
A mulher que o urubu avistou na estrada, dentro da carroça, puxada pela besta, era a bruxa que ia à missa domingo de madrugada.
Ao retornar, o sol já despontando, acumulava atrás de si olhares de desprezo e ódio, por toda a trajetória. As pessoas não a suportavam e sempre se perguntavam como uma mulher tão perversa se atrevia a entrar na igreja.
Quando o eqüino se viu livre da carroça, deu saltos de alívio e ganhou novamente o pasto. Meteu-se num bosque, onde corria um filete de água. E lá, enrodilhada no caminho, uma serpente dormia.
Aos galopes, a besta se aproximava. O bater dos cascos acordou o cobra. Ainda sonolenta, armou-se para o bote. Cinqüenta metros, trinta, dez, cinco, um... Uma picada fatal na pata dianteira fez a besta cambalear.
Mas seguiu trotando. Já perto do riacho, sentia tonturas. Foi-se acalmando, a tontura aumentando, a visão se apagando... deitou-se.
Lá no alto, urubus já planavam no céu. Aguardavam o último expiro.
Entretanto, a bruxa, sentindo falta da besta, procurou-a no bosque e, encontrando-a estrebuchando, sepultou-a semi-viva, roubando-a dos urubus e presenteando-a aos vermes.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O último olhar de uma ave


Manhã de inverno. Na árvore velha e seca, no alto da montanha, um urubu solitário cochilava. A bela visão panorâmica do longo e estreito e contorcido vale não o animava. Uma rajava de vento que varria os penhascos lançou-o ao abismo. Antes de chocar-se contra as pedras, estendeu as asas e voou sobre o vale. A ventania eriçava suas penas escuras e amarrotadas.
O ar gélido que vinha do mar penetrava entre as penas e atingia a pele e os ossos. Os uivos do vento e os grasnos do urubu não eram musicais e entristeciam a manhã gelada.
Lá embaixo, a bruma subia do rio e dos lagos e abaçanava o cenário. A geada cobria as plantações e a relva dos pastos.
Ele planava sobre a planície, seguindo as curvas do rio e da estrada. De cima, vislumbrou uma carroça, puxada por uma besta, que lentamente subia a estrada. Dentro, uma mulher, vestido longo e largo, que tremulava ao vento, esbravejava contra o frio, contra os solavancos da estrada esburacada e contra a lentidão da mula.
O faro do urubu, já comprometido pela idade, não o ajudava a localizar carniça. E viu num terreiro um cão imóvel. Teve esperança de que estivesse morto. Aterrissou. Porque sentia fome. Mas, ao dar a primeira bicada, o cão acordou e ganiu, fazendo-o voltar de sobressalto ao espaço.
O vôo solitário levou-o à cidade. As torres e chaminés de muitas construções eram como flechas que espetavam o céu. E a ponta mais alta e mais afiada era a da igreja.
À medida que ia se afastando da cidade, em direção ao litoral, perdia altura. O solo ia se aproximando e tudo ficando mais nítido. Quinhentos metros. Duzentos. Cem. Cinqüenta. Trinta. Dez. Cinco. Dois. Sobrevoou um branco verme que despontava da areia, às margens do rio. Um metro. Menos... Caiu nas águas frias do rio.
Debateu-se. Grasnou. Não teve forças para alçar vôo. Ia congelando e diminuindo os movimentos. De asas abertas, flutuava e se deixava levar pelo banzeiro. Enroscava-se em tranqueiras, desenroscava-se, ia seguindo e rodopiando com os remoinhos da água.
Sentia frio e fome. Estava morrendo.
Ainda semi-vivo, um peixe o arrastou para o fundo.
No dia seguinte, nas margens, penas escuras flutuavam.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

      Interação


A pedra é um vazio.
Pronto.
A pedra é um vazio.


Mas não está tudo dito.


O tempo se encarrega
de cobri-la de pó,
que se acumula,
que umedece.
Pronto.
Daí para o verde
é um nada
que é tudo!

Vem o inseto,
pousa na folha,
abriga-se,
nutre-se!

Que maravilha:
o mineral,
o vegeral
e o animal
convivem e interagem!





quarta-feira, 14 de setembro de 2011

RELACIONAMENTOS


Segundo alguns estudiosos, mantemos relacionamento, em média, com 60 pessoas. De acordo com o nosso caráter, esse número pode ser menor ou maior. Talvez, hoje, com as redes sociais, a média aumente. Fazem parte do grupo, familiares, parentes, amigos, profissionais, entre outros. Alguns relacionamentos são ocasionais, outros duradouros. Naturalmente, o mais importante não é o número de pessoas com quem nos relacionamos, nem a durabilidade, mas a qualidade dos relacionamentos. Não é necessário sermos amigos de todos; entretanto, o respeito e o diálogo são imprescindíveis. A paz é uma iniciativa pessoal. Cuidar das pessoas que são do nosso círculo é maturidade. Protegê-las de calúnias, muito menos caluniá-las. Ver as qualidades e elogiar e, com bondade, corrigir os defeitos, sempre que necessário. Com respeito, abrir-lhes os olhos e mostrar-lhes os perigos de seu jeito de falar, de fazer e de ser. Na omissão, perdemos a oportunidade de ajudar o outro a amadurecer. Os relacionamentos são ocasiões de mostrar o nosso valor. É bom sermos lembrados pelos gestos nobres, pelas palavras edificantes, pela alegria, pela paciência, pela bondade, pela mansidão. É bom sermos lembrados pela capacidade de perdoar. É bom sermos lembrados pela nossa semelhança com Deus.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Por quanto tempo ainda a beleza da arte
supera a beleza das palavras e das ações?
Com tanta ciência e tecnologia
e a depuração de teorias espirituais, filosóficas, psicológicas,
por que perdura a dicotomia vida/arte?
O sonho se faz na imperfeição.
Não é necessário que haja artista,
apenas arte, o encontro divino/humano,
a perfeita estética que dispensa o sonho!
A CIDADE DO FUTURO

Bela, agradável, de encantos... integrada à natureza.
Os espaços culturais e os espaços naturais se juntam
se confundem, se complementam, se embelezam...
A cidade do futuro é ecológica e humana,
cenário de belos espetáculos,
pessoas felizes, saudáveis, tranqüilas...
Os sentidos respeitados:
os olhos se abrem para a estética das formas e das cores,
os ouvidos se abrem para a estética dos sons e do sorriso,
a boca se abre para a estética da pureza alimentar,
o nariz aberto para se inebriar com as flores e as frutas,
a pele humana disponível para dar e receber abraços...
A cidade do futuro é um lar seguro e aconchegante.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Olho-me os dedos e unhas,
examino as mãos!
Dou-me conta de que foram assim
desde o sonho divino
e o seio materno!
Se meu corpo conservou a imagem,
eu depurei as visões!
Sou sempre eu e sempre outro,
sempre único e sempre plural,
sempre simples e sempre complexo.
Sou sempre de Deus,
espiritual e humano,
humano e espiriual,
mas sempre simples e complexo,
complexo e simples como Deus!
A vida é rica e nada,
e tudo neste mundo
é dança de significantes e significados...
Midas usa o tato,
e a pedra se torna ouro.
O urubu usa o olfato,
e o fétido se torna comida.
O poeta usa a visão,
e o banal se torna arte.
O rei procura brilho,
a ave, apenas viver,
o artista, transcender...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MKT

Meteoros caem do céu
para me manter rastejante.
Mas eu sou vivo e criativo!
Crio poemas
e me lanço ao céu.
Há palavras demais no itinerário!
Poluição verbal me ocupa os olhos
e me dispersa o silêncio.
Excesso de pó nos pés
ofusca-me a mente,
e a vida, apenas terra,
perde o êxtase.
Continuo então rastejante,
consumidor consumido!
Como é bom, como é agradável
o relacionamento simples, amoroso,
o encanto de ouvir a voz doce de uma pessoa!

A voz do vento,
da luz,
da pedra,
da água!

A voz da ciência,
da sabedoria,
dos números,
das palavras!


A voz do coração!


A voz de Deus!


A Terra e o Céu se fazem de relações amorosas!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Este é um capítulo do livro O TESOURO DA MONTANHA DE PEDRA, de Pedro Armando Fossa e Lauro Daros, publicado pela FTD.

O TESOURO
- Não vejo ainda o tesouro! – reclamou Fred, ansioso.
- As águas escondem segredos – revelou a senhora.
Notaram, então que, da Montanha de Pedra, saía água brilhante, que deslizava sobre a rocha. Acompanhando a água, entraram numa gruta, sinuosa e cheia de ramificações. E quanto mais entravam, em vez de escuro, como acontece em todas as cavernas, mais aumentava a claridade. O chão e as paredes estavam forrados de verde e flores, que enfeitavam o cinza da rocha. Caminharam muito e chegaram finalmente à fonte. Um poço transparente. No fundo, algo brilhava. Fred mergulhou a mão. Retirou uma pedra.
- Letras douradas! – gritou.
Liz se aproximou. Leram em silêncio.
- Não entendo! Um poema! Um poema dourado sobre uma pedra! – exclamou Fred.
- Eu também não compreendo! – revelou Liz.
- Inacreditável! Um poema!? É este o tesouro? Então era só uma brincadeira? – desabafou.
- Ele estava desolado. Ela,com o poema nas mãos, também surpresa, olhava para o irmão, sem saber o que dizer. E ali estavam os dois, depois de uma longa e perigosa viagem, inconsoláveis, sem compreender, com um poema dourado nas mãos.
A senhora idosa, que os havia seguido até a fonte, ouvia serena, sem palavras.
Este, porém, era o momento mais importante da viagem.
Aproximou-se. Sorria. Percebendo que estavam possuídos de imensa tristeza, foi tirando o véu. Devagar. Bem devagar. Como um ritual.
Imagine a surpresa quando viram o rosto. Era a senhora idosa do bosque. A poetisa. A que todos chamavam de velha maluca. Eles a olhavam, espantados.
- Os três bilhetes, foi a senhora, então? – perguntou Fred.
Ela sorriu e respondeu afirmativamente, movendo a cabeça.
Como se chama? – quis saber Liz.
- Meu nome é Cecília.
- Senhora Cecília, fizemos esta viagem por causa disso? – perguntou Fred, contrariado, mostrando o poema.
- Como a senhora chegou aqui? – questionou Liz.
- Conheço atalhos! A fonte ainda brilha! – indicou ela, olhando a água.
Foi então que eles se deram conta de que havia mais brilho na fonte. Eles mergulharam a mão e cada um retirou uma pedra com uma frase dourada. Liz leu primeiro:
- “O verdadeiro tesouro esconde-se no coração”!
Em seguida, Fred leu as letras em sua mão:
- “A poesia é doce para o coração”!
Aquelas palavras tinham energia. Um calor estranho, mas agradável, despertou no peito. Estava ficando claro, claríssimo, como o brilho das letras douradas.
Voltaram então a olhar o poema. Leram. Releram.
E quanto mais liam, mais e mais o compreendiam e mais e mais agradável se tornava.
Era como se o poema brotasse do coração. O poema brilhava. O poema iluminava.
Este era o momento mágico da viagem: encontraram finalmente o tesouro da Montanha de Pedra.